sábado, 22 de setembro de 2007

Manual para estragar bons livros

Em Nome Próprio, o diretor conseguiu pegar os bons textos de Clarah Averbuck e fazer um pastelão tosco e gaguejante. Os diálogos fracos se conjugam com uma fotografia enjoada e uma trilha sonora debilóide. O recurso de aplicar textos à tela poderia ser interessante se Murillo Salles se preocupasse, no mínimo, em não parecer um estudante de primeiro período experimentando novo software.


Leandra Leal não convence como bebedora de vodka, mas tem o mérito das únicas coisas boas do filme. A cena do escândalo no bar, o surto de bolinha no prédio, a transa com o rapaz de Ribeirão Preto, entre outras, são excelentes. O trabalho de corpo da atriz, que emagreceu bastante, também merece elogios.

Cito outras qualidades. A captação de som ficou boa. Cada gesto, mesmo os mais ínfimos, tem o som hiper-ampliado, conferindo-lhe um peso diferente. Esse minimalismo pareceu-me sagaz e coerente com a proposta da história.

O que me pareceu mais triste, porém, foi o profundo desacerto entre a vitalidade explosiva dos textos originais, e o formato cansado, senil, do filme. Não fosse Leandra Leal uma atriz com imenso poder de atração midiática, a obra ficaria alijada completamente do público jovem.

3 comentários:

Anônimo disse...

Tá com inveja!

Clara Averbuck disse...

aiai. não tem uma frase minha dentro de contexto ou uma situação de UM livro. quer dizer... né? mas quem sou eu? eu só escrevi os livros e botei meu sangue neles.

Clara Averbuck disse...

mas pera: achei a leandra impecável. só faltou o sarcasmo, mas aí não era com ela, né?