A polêmica é o tempero do gênio. Tudo que é novo, belo ou grotesco, causa estranheza. Caso do filme Tropa de Elite, de José Padilha. O formato não traz inovação estética, o conteúdo sim. Não por mostrar a classe média como vilã, mas pela franqueza brutal com que o faz. O pessoal da PUC não gostou. E daí? Os moradores da Cidade de Deus também não gostaram do longa de Fernando Meirelles.
Há realmente um maniqueísmo exagerado, caricatural, e uma certa falta de sensibilidade na descrição dos estudantes maconheiros. Mas a cena do policial espancando o rapaz participando da passeata pela paz lavou a alma de muita gente, irritada com a hipocrisia de manifestações desse tipo. O cinema, assim como a literatura, vive de maus sentimentos.
O ritmo envolvente, linear, explicativo, exibe a tatuagem da escola criada com City of Gods, e o fato de ter se tornado o maior fenômeno pirata da história recente conferiu-lhe uma belíssima medalha de autenticidade popular. O povo quer ver o filme. As pessoas querem ver o filme. Eu vi um piratão. Qual o sentido desse repentino surto moralista e anti-progressista de setores da opinião pública. O filme está sendo visto por milhões de pessoas, gerando receita e empregos no comércio ambulante. Se a tecnologia moderna torna possível a cópia, o camelô é um criminoso?
A última pesquisa do Pnad revela que 96% dos lares brasileiros tem televisão e uns 40% tem dvd. Mas somente 7% das cidades possuem cinema. OU SEJA. Tem que oferecer o cinema em dvd. A maioria esmagadora da população brasileira tem acesso ao cinema através dos filmes exibidos na tv. Os filmes brasileiros são todos patrocinados pela Petrobrás, estatais, ou por renúncia fiscal do governo federal. O povo paga por esses filmes. É honesto que tenham a possibilidade de assisti-los a custo mais acessível e com mais rapidez.
Wagner Moura, no papel do oficial do Bope, está perfeito. Moura tem se revelado, na minha opinião, o grande ator da contemporaneidade, enquanto seu amigo Lázaro Ramos, de uns tempos para cá, tem repetido sempre o mesmo papel. O personagem do Homem que Copiava parece ter dominado a alma do ator, sempre com a mesma expressão. Tá parecendo a versão preta e magra do Shuásnégger.
sexta-feira, 21 de setembro de 2007
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